Das últimas mensagens trocadas na Archport, retenho uma afirmação que me deixa sempre “pele de galinha”: “reuniões, debates e coisas afins é importante e muito bonito mas não resolve nada”!
Paradoxalmente, a afirmação surge no contexto de animado diálogo num desses espaços de debate que, aparentemente, “não resolve nada”. Mas nem por isso as pessoas se desmotivam de participar. Será só por vontade de “deitar conversa fora”?
Ora, tenho para mim que, a prazo e numa apreciação global, dificilmente deixaremos de constatar o importante papel que a Archport tem e poderá consolidar na transformação e qualificação da Arqueologia portuguesa, quer pelo desenvolvimento de hábitos de diálogo e troca de pontos de vista, quer pela abordagem e generalização de temáticas de interesse geral (profissionais, éticas, deontológicas…), pela crescente exigência de qualidade nas intervenções (dos conteúdos às formas de expressão), ou ainda pelo envolvimento de leitores e participantes que noutros locais dificilmente o seriam.
Mas o pior é que a ideia de que “falar não resolve nada” é ainda associada a todo o tipo de encontros, colóquios, debates e outros eventos, incluindo os mais recentes (curiosamente, talvez até por alguns dos que há meses, na mesma Archport, clamavam por ninguém organizar um “Congresso da Arqueologia Portuguesa”), sem que se perspectivem correctamente os efeitos que os mesmos induzem.
Mas… consegue-se mudar alguma coisa sem diagnosticar primeiro o que há a mudar e reflectir depois sobre como, quando, para quê, para quem, com quem…, entre outras questões que evitem muita “agitação” sem verdadeira alteração?
Por exemplo, sem o ciclo “A Arqueologia em Revista” e outros eventos recentes, estariam “maduras” como hoje estão as condições para realizar bons encontros nacionais sobre a arqueologia municipal e a arqueologia empresarial, como os que se perspectivam para Setembro (http://www.aparqueologos.org/autarquias.php) e Novembro (http://www.congressoarqueologiaempresarial.org/), respectivamente?
E, depois do muito que se disse e escreveu, olhamos hoje como antes olhávamos para as questões da formação e do acesso à profissão, da organização profissional e institucional, da contratualização e da sociabilização do trabalho arqueológico?
Não serviu de nada?
A falar é que a gente se entende! É preciso é que depois saibamos encontrar formas organizadas de transformar ideias em planos de acção.
2008-05-26
Falam, Falam… e não fazem nada?
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4 comentários:
Há personalidades que nos últimos 10,20,30anos se tornaram nos "coveiros" da arqueologia. Para começar nada melhor do que afastar essas pessoas que já tiveram a sua oportunidade. Reforme-se, despeça-se, meta-se na dispensa, faça-se o que for mais conveniente. A remoção do cancro na arqueologia tem que começar por algum lado. A "quimioterapia" deve começar com bons ingredientes, após o sistema de controlo e das boas ideias estar montado, após se definir uma linha coerente pode então atacar-se o cancro. Actualmente cada vez o tumor toma maiores proporções. Os especialistas são os mesmos do costume, ao mesmo tempo são "coveiros", "médicos" e "farmacêuticos". Prescrevem tratamento, aviam tratamento, e enterram após falha de tratamento. Dê-se oportunidade a novas ideias.
Então e que tal começar por mostrar em que é que consiste esse "novo" "sistema de controlo" e quais são as "boas ideias"? A razão de ser da mensagem era precisamente essa: vamos debater ideias, para definir o melhor caminho a trilhar.
É que lutar simplesmente pelo afastamento de umas pessoas para dar lugar a outras não me parece grande solução.
Até porque a "quimioterapia" pode e deve ser bem aplicada tanto em antigas como em recentes manifestações "cancerígenas".
Sinceramente, tanta falta de inteligência já começa a ser demais. Quando a defesa de uma mudança estrutural profunda, como aquela é preconizada para o sector da Arqueologia (não devia der do Património Cultural?), se faz esgrimindo argumentos tão rudimentares como a da pura e simples eliminação de quadros, qual Revolução Cultural maoísta ou limpeza "polpotiana", pouco ou nada haverá a esperar de positivo e de realmente construtivo de quem apregoa tal tese. Apenas posso pensar que a qualidade intelectual de tais gentes anda muito por baixo, o que não é de estranhar em quem julga que as alterações qualitativas se realizam tão só com a substituição de personagens.
Mais um ano, mais um colóquio, que bom.
JR é agir.
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