Na rede Arqueohispania, foi distribuída ontem, dia 4, em nome de um grupo de arqueólogos das províncias espanholas de Castela e Leão, uma mensagem de que não resisto a publicar aqui uma tradução livre do essencial.
“Como saberão, no sábado 24 de Maio celebrou-se a primeira reunião de trabalhadores de arqueologia de Castela e Leão, uma reunião muito positiva, se tivermos em conta que foi o primeiro contacto entre os profissionais na nossa comunidade e considerarmos a assistência (uma quarenta pessoas) e a representatividade […].
Quanto aos temas debatidos, houve um grande consenso na necessidade de nos agruparmos e elaborarmos um contrato colectivo, assim como nos pontos de maior relevância para melhorar a qualidade e dignificar o nosso trabalho. As discrepâncias surgiram no momento de abordar o caminho a seguir para a elaboração do contrato, processo para o qual se propuseram duas vias: por um lado, a criação de uma associação de arqueólogos e a eleição de uma comissão de representantes que se encarregue de elaborar os diferentes pontos do contrato, num modelo similar ao que se adoptou em Madrid […]; uma vez aprovado e consensualizado entre todos um primeiro esboço, seria necessário fazê-lo chegar aos diferentes sindicatos e começar o árduo processo de negociação. Por outro lado, a segunda das vias propostas consiste em contactar desde o primeiro momento as organizações sindicais, quer através dos representantes eleitos, no caso das empresas com mais de seis trabalhadores, quer pelo contacto directo nos casos restantes, para que estes tratem da elaboração do contrato e da sua negociação.
Finalmente, comentou-se a necessidade de fazer chegar o nosso propósito aos confins da região, já que aglutinar o máximo possível de trabalhadores de Castela e Leão neste caminho é um dos principais objectivos. E, por último, decidiu-se convocar rapidamente uma nova reunião, onde procuraremos alcançar decisões firmes e ir avançando.
A data para essa reunião será sábado 28 de Junho […].
Sem mais, uma saudação a todos, solicitando que façam chegar esta mensagem a todos os que possam estar interessados no tema, já que a unidade e o empenho de todos os arqueólogos é o primeiro passo para ter êxito.”
Ou seja, sem esperar soluções milagrosas vindas não se sabe de onde ou impostas por algum “iluminado”, os principais interessados procuram soluções organizadas para enfrentar a situação. E essas soluções passam por assentar ideias (nas tais reuniões que alguns dizem não servir para nada), materializá-las em propostas aceites pela maioria, e conquistar força suficiente para lutar por elas.
Depois do exemplo de Madrid, eis mais um processo que devia dar que pensar aos que mais sentem na pele as dificuldades por que passa o exercício profissional da Arqueologia no nosso país.
E não esquecer que, aqui, até já temos uma Associação Profissional de Arqueólogos.
2008-06-05
Barafustar sem solução, ou fazer algo para mudar a situação?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Eu acho que vamos bem encaminhados. Podemos ainda estar no início do percurso mas, usando o velho clichet, a caminhada só se faz caminhando. Quem não está, ou estuga o passo ou fica para trás.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Como escreveu o grande poeta sevilhano Antonio Machado, compete-nos a nós todos construir os caminhos pelos quais queremos atingir os nossos objectivos.
Infelizmente, esta é uma verdade cada vez menos assumida com tal: dizia um grande amigo meu que esta versão da modernidade (ou será de uma "pós-modernidade"?) que actualmente vivemos é a instituição de uma "cultura de supermercado" em que tudo se consegue pronto a levar, sem esforço, sempre disponível, embalado e pronto a consumir. Pese o exagero da metáfora do supermercado, não posso deixar de concordar com as linhas mestras deste ponto de vista.
Por conseguinte, esperar que uma fatia muito importante dos nossos compatriotas, sobretudo os das gerações mais jovens, se comporte utilizando como filosofia de vida o conseguir as coisas com esforço e trabalho, como nós fomos ensinados a fazer, consistirá numa espera infrutífera. Esperar que estes nossos compatriotas se unam e lutem pelos seus direitos, será igualmente uma espera infrutífera. Esperar que eles façam algo de realmente útil, em vez de apenas vociferar, insultar e comportar-se de forma cobarde, será, uma vez mais, uma espera infrutífera.
Não estou nada optimista e tenho quase a certeza que aqui, em Portugal, será impossível ver algo semelhante ao que está a acontecer entre os nossos vizinhos. Não sei se em Espanha o processo vai avançar muito mais (também aí há problemas de individualismo e de "deixa-andar" bastante graves), mas, pelo menos, poderão dizer com orgulho, algum dia mais tarde, que se tentou abrir um caminho para caminhar...
Enviar um comentário