2008-02-24

Porquê e para quê?

Estão lançados os dados do ciclo de apresentações da Al-Madan 15, que alinha algumas reflexões sobre o passado recente da Arqueologia portuguesa e está na génese da proposta de debate alargado que visa dar continuidade e generalizar essa análise, trazendo-a para a situação presente e as perspectivas de curto e médio prazo.

O resultado deste desafio colectivo só mais tarde se poderá avaliar, pois depende essencialmente da receptividade que encontrar junto dos seus principais destinatários.

Neste contexto, quando alguns ainda ponderarão a atitude pessoal a tomar, avaliando da disponibilidade e vontade de se deslocarem a algum dos pontos de debate (Lisboa, Porto, Faro, Beja e Conimbriga) ou usarem o ciberespaço de comentário, parece-me útil alinhar algumas das razões pelas quais me parece uma oportunidade imperdível e de difícil repetição.

Muito sinteticamente, está na hora de mostrar a nós próprios e aos outros que…

  • preservamos motivação e capacidade para ultrapassar uma certa “anomia” pessoal e colectiva, fomentada pelo crescimento profissional muito rápido e desregrado e agravada pela conduta errática dos poderes públicos;
  • somos capazes de ensaiar diagnósticos sustentados das situações que, hoje, provocam maior constrangimento à actividade arqueológica e à defesa e promoção do Património arqueológico;
  • constituímos uma massa crítica capaz de se assumir como interlocutor para a definição das políticas e estratégias para o sector;
  • temos ideias, ainda que plurais, sobre as condições de acesso e exercício da profissão, os imprescindíveis mecanismos de auto-regulação e as necessidades de formação;
  • conseguimos discuti-las e assumir as diferenças, abertamente, sem complexos e preconceitos, em clima de tolerância mútua, com sobreposição da riqueza dos argumentos e experiências às rivalidades e antagonismos pessoais e de grupo.

Se isto não for possível, agora ou num futuro próximo, só resta manter a velha lamúria de corredor, o discurso dos “coitadinhos” e o agravamento do clima de depressão colectiva. Mas a culpa não será só dos outros…

Para além disso, tratando-se de debates públicos e, principalmente, a divulgar pela Internet, há que ter consciência da imagem externa que projectamos, aproveitando para provar a nós próprios e aos outros que…

  • exercemos uma função socialmente útil, fundamental para o conhecimento do Passado, a melhoria das condições do Presente e do Futuro e a permanente reconstrução da memória social e das identidades individuais e colectivas;
  • merecemos, e estamos dispostos a fazer por conquistar, outra atenção do poder político e maior reconhecimento na sociedade portuguesa.

Sem a presunção de que esteja neste conjunto de eventos a solução para todos os problemas do nosso quotidiano, tenho a expectativa moderadamente optimista de que saberemos agarrar a oportunidade para, mais que não seja, abalar “águas turvas” e lançar pistas com futuro.

Se não… pelo menos dormirão de consciência mais tranquila os que tiverem tentado.

2 comentários:

Allexandre disse...

Bom... eu gostava de comentar algumas das questões que foram aqui levantadas pelos mais diversos participantes deste blog mas fico na dúvida sobre qual será a melhor forma de o fazer, já que pretendo alongar-me no "comentário".

Faço-o por aqui?

Por email, quiçá?

JR disse...

Se me quiser enviar uma mensagem (director.almadan@clix.pt), terei todo o gosto em publicá-la em seu nome.
Não pode é ser demasiado longa.