2008-04-09

Valeu a Pena

Encerrado o ciclo de debates “A Arqueologia em Revista”, pelo menos na componente de descentralização geográfica por vários pontos do país, pode sintetizar-se o balanço final na frase que serve de título a esta mensagem.

Valeu a pena, desde logo, porque, vencendo o cepticismo e o pessimismo de alguns, foi possível reunir quase 300 pessoas, na sua maioria ligadas profissionalmente à actividade arqueológica, para debate e reflexão de temáticas de inegável actualidade, com um tempo e profundidade até então nunca atingidos.

Mais importante, esta simples abordagem quantitativa ganha outra relevância numa perspectiva qualitativa, se constatarmos a riqueza e diversidade da grande maioria das intervenções e o clima de debate sustentado e tolerante que foi possível manter, prova da crescente maturidade individual e colectiva dos intervenientes.

A resposta aos principais desafios inerentes a este projecto é, por isso, claramente positiva: há capacidade de mobilização, de diagnóstico e de pensamento crítico plural sobre os actuais constrangimentos ao exercício da actividade nesta área e à defesa e promoção do Património arqueológico.

Valeu a pena um esforço organizativo onde deve relevar-se o apoio institucional da Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) e, principalmente, da Associação Profissional de Arqueólogos (APA), que colaborou activamente na promoção dos eventos e os tomou como ponto de partida para a definição de novas tomadas de posição (ver em http://www.aparqueologos.org/), sem esquecer também as entidades que disponibilizaram os espaços e parte da logística dos encontros, nomeadamente o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu Monográfico de Conimbriga, e as Câmaras Municipais do Porto, de Faro e de Beja.

Fundamental foi ainda a pronta e solidária colaboração dos convidados a introduzir os temas, num conjunto de 24 colegas de rica e diversificada experiência profissional e institucional de que é justo relembrar os nomes: Jacinta Bugalhão, António Carlos Valera, José Morais Arnaud, Carlos Fabião, Mário Varela Gomes e Luís Raposo em Lisboa; Paulo Costa Pinto, Lino Tavares Dias, Alexandra Cerveira Lima, Paulo Amaral, António Manuel Silva, Miguel Almeida e Luís Fontes no Porto; Rui Parreira, Miguel Lago, Nuno Ferreira Bicho e Dália Paulo em Faro; António Carlos Silva, Susana Correia, Miguel Martinho e Joaquim Carvalho em Beja; Luiz Oosterbeek, Maria José Almeida e Virgílio Hipólito Correia em Conimbriga.

Naturalmente, deve reconhecer-se que todos os intervenientes directos nos períodos de debate têm também a sua quota-parte no êxito da iniciativa.

Mas é forçoso encerrar este ponto com um agradecimento especial aos que primeiro acarinharam e se mobilizaram para pôr de pé o projecto, participando activamente na definição dos seus contornos e na organização particular de alguns eventos, nomeadamente a Maria José Almeida, o Pedro Barros, o António Manuel Silva e o António Carlos Silva.

Para o Centro de Arqueologia de Almada, que há 35 anos procura exercer consequentemente o que entende ser a sua função social na promoção da Arqueologia e do Património arqueológico, valeu a pena o esforço financeiro que um conjunto de acções desta natureza sempre envolve, só possível porque, como é frequente nesta associação, se pôde contar com forte participação voluntária de sócios e amigos, quer no registo em fotografia e vídeo (Cézer Santos, José Carlos Henrique e Francisco Silva), quer na distribuição e venda de publicações (Isabel Matos, Ana Luísa Duarte, Sónia Tchissole e Elisabete Gonçalves).

Que fazer, agora, com tudo isto?

Em primeiro lugar, o investimento no registo integral das intervenções (mais de 25 horas de gravação) permite preservá-las para memória futura e promover a sua difusão via Internet, beneficiando de uma produção final assegurada pelo Instituto Politécnico de Tomar, com uma equipa coordenada por Luiz Oosterbeek e Gonçalo Leite Velho, onde colaboraram Catarina Varanda (conversão) e Rui Marto (tratamento e edição). Deste modo se criará uma nova oportunidade de acesso a públicos mais diversificados, que assim poderão tomar conhecimento dos conteúdos abordados e participar na sua discussão, através do espaço de comentário deste mesmo blogue. Com a divulgação dos vídeos, já iniciada, será possível continuar a ler aqui as mensagens e comentários do painel de colaboradores convidados, interagindo com elas sempre que desejado.

Mas é preciso que todo este movimento tenha consequências na transformação de uma realidade que, hoje, poucos satisfaz.

Nesse sentido, será importante acompanhar o futuro percurso das instituições de tutela e, em geral, da administração pública, mas também da iniciativa privada, do movimento associativo (particularmente da APA), das universidades e de outros agentes sociais.

No que respeita à sua área de intervenção, o Centro de Arqueologia de Almada procurará tirar as necessárias ilações, estudando a viabilidade de propostas de parceria que contribuam para uma maior sociabilização da Arqueologia e para a promoção da investigação e do Património arqueológico.

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