2008-07-24

Arqueologia, Europa, Formação Superior…alguns dados e reflexões

A Associação Europeia de Arqueólogos desenvolveu um projecto de caracterização da arqueologia na Europa, tendo considerado 12 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Grécia, Hungria, Irlanda, Países Baixos, Reino Unido e República Checa.
Para todos os países foi calculado o nº de arqueólogos activos e, em grande parte deles, também as principais áreas de actividade.
Se lhes adicionarmos as variáveis de área do País e de dimensão da população, obtemos uma radiografia bastante interessante da realidade Europeia.

Os resultados podem sumariar-se como se segue:


Cerca de 15.500 arqueólogos trabalham em 12 países Europeus, o que nos permite estimar, por excesso, o total de arqueólogos europeus em cerca de 25.000. Podemos estimar que o nº de arqueólogos em Portugal seja de aproximadamente 1000 (talvez um pouco menos, mas com uma taxa de crescimento forte).
Se tomarmos em consideração a dimensão do território, verificamos que Portugal estará abaixo da média europeia, associado a países com PIBs bastante mais elevados (Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, Irlanda e Grécia – só este com um PIB menos expressivo, mas no qual a arqueologia e turismo têm desde há muito uma expressão determinante).
Se tomarmos em consideração a dimensão da população, Portugal apresenta quase o dobro da média europeia, mais uma vez associado a países com forte PIB (Reino Unido, Irlanda, Bélgica e de novo a Grécia).

Esta dupla realidade, inevitavelmente, conduz a uma pressão muito forte para baixar os salários (aspecto que tem vindo a ser destacado nos debates públicos mais recentes). Por outro lado, se compararmos a produtividade do sector nos parâmetros de publicações (académicas e de divulgação), turismo cultural e percepção social global (como a sociedade “encara” a arqueologia), Portugal está muito distante da performance dos países mencionados, e atrás de muitos outros em que não têm a mesma expressão demográfica da arqueologia (como a Alemanha).

Estarmos conscientes desta discrepância (afinal mais uma expressão da “divergência” entre Portugal e a média comunitária) é essencial para contribuir de forma positiva para uma melhor inserção social da arqueologia no nosso País. Só assim poderemos evitar que, daqui por uns anos, novamente se regresse a protestos e angústias que, apesar de muitas vezes fundamentados, não olham nunca para a raiz dos problemas. O que podem os arqueólogos oferecer à sociedade, com melhor qualidade do que já fazem e sem aumentar os custos?

São perguntas pouco agradáveis, talvez, mas são inevitáveis, e são aquelas que cada um de nós coloca quando pensa noutras profissões e funções sociais.

Luiz Oosterbeek

2 comentários:

Alexandre disse...

Desculpem lá voltar puxar novamente a brasa à minha sardinha, mas se queremos ser rigorosos falta ali contabilizar a extensão da linha de costa e as áreas inundadas - relembro que a DANS (ex-CNANS) não actua em terra e que, se há países como a Bélgica que não terão certamente arqueólogos subaquáticos no activo, há outros em que essa componente é bastante forte (caso do Reino Unido). É certo que não somos mais do que o total dos dedos de duas mãos (quando muito..) mas é uma área que assume (ou deveria assumir) cada vez maior relevância (foi até assumida pela Estratégia Nacional Marítima) e que, contabilizada, influi certamente nesses rácios.

Anónimo disse...

Olá

O meu nome é Dário Viegas, da Agencia Inova - Associação para a Cultura e a Criatividade.

Estamos a organizar um grande evento para profissionais na área de Museus, Património, Arte, Cultura e Indústrias Criativas de que gostaríamos tomasse conhecimento - e eventualmente divulgasse no âmbito deste blog, o FORUM CULTURA E CRIATIVADE - www.inovaforum.org.

Obrigado
Dário Viegas
dviegas@agenciainova.pt